40 ANOS DE SAMBÓDROMO E A ESTREIA DOS… APAGÕES

Neste ano, a Passarela Professor Darcy Ribeiro (Sambódromo) do Rio de Janeiro, localizada, em toda a sua extensão, nos bairros do Centro e Cidade Nova, comemora quarenta anos de existência, tendo sido projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer e inaugurada pelo, então, governador do Rio, Leonel Brizola, em 1984.

Junto com este marco, uma novidade aparece na história dos desfiles: a utilização de apagões propositais com duração de alguns segundos que, na verdade, são o desligamento dos refletores que iluminam a avenida do desfile, Marques de Sapucaí, com o intuito de destacar alegorias e adereços compostas com iluminação ou materiais que brilham no escuro – houve quem disse que a Marquês de Sapucaí estava com problemas técnicos por desconhecer o uso do recurso .

O recurso foi utilizado este ano, tanto pelo Grupo de Ouro como pelo Grupo Especial,   durante as apresentações de algumas escolas, tendo em vista que ficou à critério de cada agremiação utilizá-lo ou não, durante o seu desfile.

Concomitante aos apagões dos refletores da avenida, propositais e controlados por gente da própria agremiação, algumas Escolas também fizeram uso de refletores dimerizados para focar em determinado objeto ou ala conforme a ideia de contexto do enredo para aquele elemento.

Os apagões eram realizados, ora em toda a avenida ora em determinado setor, conforme a passagem de uma alegoria, ala ou apresentação de comissão de frente, casal de mestre-sala e porta-bandeira, à critério de cada agremiação.

Comandados por engenheiros ou técnicos de iluminação ou não, é fato que, no geral, os apagões atribuíram pouca relevância ao resultado final onde, em muitos deles, pareciam feitos de maneira indiscriminada, atrapalhando, por vezes, apresentações importantes como as de mestre-sala e porta-bandeira, onde a figura do pavilhão, representando a ancestralidade de sua Escola, a defesa de sua cultura, apagava-se junto com os apagões propositais, fossem direcionados à própria apresentação do casal, de uma ala próxima ou de forma geral.

Tendo sido este um período experimental realizado em uma competição consagrada e de repercussão mundial, muitas reflexões deverão ser feitas pensando, principalmente, no êxito do resultado esperado versus resultado real, assim como de sua interferência nas transmissões televisivas e visuais para o público, tanto presente quanto de casa.

O quanto valerá pagar o preço de apagar, mesmo que por segundos, a evolução e a presença de elementos que, por si só, já brilham por sua beleza e riqueza na diversidade de suas texturas e materiais à luz dos refletores da Marquês de Sapucaí, no charme da Lua e luz do Sol, quando do amanhecer da última Escola, que contagia o público e arrasta seus foliões na derradeira ala atrás da agremiação, em detrimento de tentar evidenciar elementos específicos que já vêm carregados de beleza?

Por Dayvis Nascimento

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