
Aparentemente, a palavra evolução tem sido muito usada para justificar diversas formas de se ganhar dinheiro ou adaptar transformações ao interesse próprio.
Aos olhos atentos dos novos produtores, principalmente, nas redes sociais, é fato que o produto final das músicas atuais passou a incorporar algumas características básicas em comum: letras rasas, melodias pobres – não que profundidade seja requisito para as boas músicas – e vozes desafinadas, anasaladas ou com dicção deficiente.
Associadas a esse conjunto de baixa qualidade, muitas delas, principalmente, nos estilos eletrobrega e brega funk, com suas maçantes marcações similares a canos metálicos e vozes metalizadas carregadas de chorus, delay, metalizer, dentre outros efeitos que parecem mais querer mascarar as vozes originais do que evidenciá-las – o que mostraria muito mais o talento (os que possuem) dos cantores.
As músicas estão sendo feitas mais para as modas dos aplicativos que estão no topo da popularidade do que para o bem-estar do nosso estado de espírito e bom gosto musical. Os números de visualizações, curtidas, comentários, compartilhamentos, salvamentos, utilização em stories, reels e dancinhas na tela do celular demonstram ser o foco das produções.
Até há algum tempo, produzir hits que gerassem retorno também incluía produzir boa música. Fazer acontecer um hit na internet, hoje, passou a ser desprezar a preocupação com a qualidade musical e a sua perpetuação nas mentes, corações e boas recordações. As músicas estão sendo feitas para celulares, não para pessoas.
Por Dayvis Nascimento

